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4.5 Qual o impacto da luz azul nociva? Existem soluções para proteção?

O uso de tablets, smartphones e outros ecrãs digitais não estão apenas a alterar o nosso comportamento visual (favorecendo o aparecimento de “miopias ocupacionais”) por se passar mais tempo a utilizar a visão de perto, mas estão também a alterar o espectro de luz a que estamos expostos.

É do conhecimento geral que a luz ultravioleta (UV) pode causar lesões aos tecidos biológicos, como a pele e os olhos, e as pessoas, em geral, usam meios adequados de proteção solar para evitar esses problemas.

Contudo, a luz azul também pode causar lesões, especialmente aos nossos olhos. Está presente no espectro luminoso, dentro de uma faixa de 380 a 520 mm.

Pode ter menos energia que a UV, mas, ao contrário da luz UV que, na sua maior parte, é absorvida pela parte anterior do olho, a luz azul alcança a retina.

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Fig. 1 – Espectro electromagnético, tipos de luz, e seus efeitos no organismo

 

Desde os díodos emissores de luz (LED’s), lâmpadas de xénon, às lâmpadas de baixo consumo e à radiação eletromagnética dos ecrãs, todas estas “novas fontes de luz” desenvolvidas para melhorar e facilitar a nossa vida emitem uma proporção mais alta de luz azul do que as tradicionais fontes de luz artificial.

A composição diferente do espectro de luz significa que somos expostos a uma quantidade significativamente maior de luz azul do que éramos no passado.

Em excesso pode causar inflamação da conjuntiva e da córnea, lesões no cristalino (p. ex.: catarata) e, sobretudo, na retina (p. ex.: degenerescência macular e melanoma da úvea1) por lesar as células melanocíticas do epitélio pigmentar da retina (EPR), dependendo do tempo de exposição e intensidade.2,3

É entre os 415 e os 455 nm (luz azul-violeta) que existe um aumento mais significativo da morte celular das células do EPR quando expostas a essa luz.4

O envelhecimento da retina é determinado pelo stress oxidativo na retina externa.5

As alterações oxidativas e a acumulação de lipofuscina na retina externa são marcadores de DMI precoce.6

Estudos in vitro, demonstraram que as radiações LED diminuem a viabilidade celular em 75–99%, e aumentam a apoptose celular em 66–89%, observando-se toxicidade mais elevada com a exposição aos LEDs brancos frios e azuis.7

Muita investigação ainda terá que ser feita nesta área para esclarecer efetivamente as perguntas de como o uso de ecrãs de computador ou a fixação do olhar nessas novas fontes de luz por longos períodos podem causar lesões na retina.

Certamente que terão influência outras variáveis, tais como as genéticas, ou alimentação pobre em certos nutrientes necessários ao correto funcionamento e proteção da retina, que quando associadas à exposição destas fontes luminosas, poderão ter efeito sinérgico.

Por outro lado, passar uma hora ao ar livre num dia nublado normal expõe os olhos a 30 vezes mais de luz azul do que passar uma hora num ambiente interno, em frente a um ecrã.

A exposição dos olhos à luz artificial de noite, bloqueia a produção de melatonina pelo organismo.

A melatonina é a hormona do sono, ajuda a adormecer, a dormir profundamente e a regular o ritmo biológico.

O organismo pode produzi-la durante 12h por noite.

Para isso é necessário ambiente calmo e com pouca iluminação.

A quantidade média de luz numa sala de estar é suficiente para reduzir significativamente a produção de melatonina.

A luz azul emitida pelas lâmpadas LED e pelos ecrãs provocam maior supressão da produção de melatonina que as restantes fontes de luz artificial, por outro lado, a luz “quente” emite menos luz azul que a luz “fria”7.

Pelo exposto anteriormente, recomenda-se que cerca de duas horas antes de ir dormir, começar por induzir 53 4.5 um “pôr-do-sol” em casa, diminuindo a exposição às fontes de luz, o que induzirá no organismo um estado de relaxamento e predisposição para o sono.

LED. O mesmo acontece em relação às lâmpadas LED de interior, cujo uso tem sido muito difundido devido à maior durabilidade e ao baixo custo (gasto energético).

Lentes para óculos claras com filtro para a luz azul podem aumentar o conforto visual, diminuir a fadiga e proporcionar mais nitidez nessas situações.

Outra forma de ajudar a nossa visão, reside na seleção do tipo de lâmpadas.

Regra geral, no caso das lâmpadas LED, para locais de trabalho, cozinhas, garagens/oficinas dever-se-á selecionar luz “fria” (4200K).

Nas salas de estar, quartos, ambientes que onde se pretenda luz mais natural e relaxamento, optar pelas lâmpadas de luz “quente” (2700K)

 

Fig. 2 – Recomendações para um sono tranquilo.jpg

Fig. 2 – Recomendações para um sono tranquilo.

 

Num quarto escuro, ou, num ambiente externo, após o pôr-do-sol, os nossos olhos entram num modo de visão diferente.

Em condições escotópicas (baixa luminosidade), o olho humano passa da sensibilidade ao verde para o espectro de luz azul de alta energia.

Isso significa que se passa a perceber a luz azul de forma mais intensa, o que pode provocar a sensação de encandeamento.

Este, é um efeito conhecido pelos automobilistas que se sentem mais encandeados pelas luzes dos faróis de outros veículos, sobretudo os que utilizam as modernas luzes de xénon ou LED.

O mesmo acontece em relação às lâmpadas LED de interior, cujo uso tem sido muito difundido devido à maior
durabilidade e ao baixo custo (gasto energético).

Lentes para óculos claras com filtro para a luz azul podem aumentar o conforto visual, diminuir a fadiga e
proporcionar mais nitidez nessas situações.

Outra forma de ajudar a nossa visão, reside na seleção do tipo de lâmpadas.

Regra geral, no caso das lâmpadas LED, para locais de trabalho, cozinhas, garagens/oficinas dever-se-á selecionar luz “fria” (4200K).

Nas salas de estar, quartos, ambientes que onde se pretenda luz mais natural e relaxamento, optar pelas lâmpadas de luz “quente” (2700K).

 

Fig. 3 – Luz “Quente” vs Luz “Fria”.

 

 

Fig. 4 – Temperaturas de cor (Kelvin) de acordo com os locais (ambientes domésticos/profissionais).

Autore(s)

Oftalmologia do Centro de Saúde Militar de Coimbra. Coimbra, Portugal

(Direção de Serviço: José Nolasco)

Coordenador do Grupo da Ergoftalmologia da SPO - Biénio 2015-2016