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1. Introdução

No passado, a saúde ocupacional dava pouca atenção ao aparelho visual, e quando se abordava a temática ‘trabalho e visão’ eram sobretudo os acidentes industriais, e efeitos tóxicos secundários à exposição a agentes químicos e físicos, os principais temas abordados1 .

Mais recentemente, e de acordo com a comissão científica da ‘International Committe of Occupational Health’ criou-se uma nova subespecialidade designada por Ergoftalmologia que tem como objetivo a análise, avaliação e desenho de sistemas de trabalho que permitiam uma boa relação entre trabalho e ‘performance’ visual.

Esta tem uma componente médico (oftalmológico), com a avaliação das dificuldades visuais; um componente de higiene laboral/ toxicologia, com a pesquisa de partículas, microrganismos ou contaminantes gasosos tóxicos irritantes para olho; e um componente técnico, para avaliar quais as melhores condições de iluminação, humidade relativa do ar, disposição dos equipamentos do ambiente de trabalho etc.

A utilização crescente de dispositivos electrónicos – computadores, ‘tablets’ e ‘smartphones,2-4, seja do ponto de vista laboral como também lazer, e sobretudo a qualquer hora do dia, está também associado a algumas queixas oftalmológicos, o que levou a que se revesse a definição de ergoftalmologia, não só como relacionada com o trabalho, mas também com momentos de lazer.

Assim sendo, defini-se a Ergoftalmologia (do grego ergo trabalho + oftalmologia) como a subespecialidade que tem como objetivo principal prevenir, e/ou tratar, qualquer desconforto ou doença ocular, que esteja relacionado com o ambiente de trabalho ou lazer, de forma a obter a máxima eficiência e eficácia na função visual para a prossecução dessa atividade.

Esta subespecialidade, poderá não ser para alguns tão atrativa como uma subespecialidade com um componente cirúrgico, ou uma que lide com métodos imagiológicos em constante evolução, mas tem a particularidade de permitir responder a um conjunto de perguntas que os nossos pacientes nos fazem com alguma frequência na consulta geral, ou consultório, e que muitas vezes respondemos de uma forma mais ou menos empírica, com base em artigos que vamos lendo, e que nem sempre estão explicados nos tradicionais compêndios de Oftalmologia.

Pretende-se com este livro ‘Perguntas e Respostas em Ergoftalmologia’ por um lado tornar a Ergoftalmologia mais atrativa para todos desmistificando o seu carácter hermético, e por outro, permitir dar respostas mais sustentadas às perguntas dos nossos pacientes.

Tal só foi possível graças à participação de todos os colegas, que de uma forma abnegada e entusiástica, desde logo aceitaram este desafio, e também graças ao apoio incondicional de um laboratório - laboratório Théa e em particular do seu diretor João Caldas - que estão sempre do lado da Oftalmologia apoiando estas e outras iniciativas. A todos o meu sincero agradecimento.

Espero que o livro seja do agrado de todos.

Com amizade

Fernando Trancoso Vaz

Autore(s)

Serviço de Oftalmologia do Hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca E.P.E.. Lisboa, Portugal

(Direção de Serviço: Isabel Prieto)

Atual Coordenador do Grupo Português de Ergoftalmologia: 2017 - 2018